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Omar Shakir, diretor da HRW em Israel e na Palestina, em Ramallah, maio de 2018.   © 2018 AFP

(Jerusalém) – A Human Rights Watch continuará seu trabalho de documentação de abusos, apesar da expulsão, por parte do governo israelense, do diretor da organização para Israel e Palestina no dia 25 de novembro de 2019. A deportação reflete os ataques cada vez mais intensos aos direitos humanos por parte das autoridades locais. Omar Shakir deixa o país na noite de hoje, depois de a Suprema Corte de Israel ter confirmado a ordem de deportação do governo. A decisão foi tomada no dia 5 de novembro e o tribunal definiu o dia 25 de novembro como prazo para que Shakir deixasse o país.

O trabalho da Human Rights Watch sobre os abusos de direitos humanos cometidos por Israel, pela Autoridade Palestina e pelo Hamas continuará sob a direção de Shakir. Ele ficará em outro escritório da Human Rights Watch na região.

"Israel hoje se une a Egito, Irã e Venezuela na lista de países que impedem o acesso de pesquisadores da Human Rights Watch. Mas eles também não conseguirão esconder os abusos que cometem contra os direitos humanos", disse Kenneth Roth, diretor executivo da Human Rights Watch, que acompanhará Shakir durante sua partida de Israel. "Essa decisão mostra por que a comunidade internacional deve reconsiderar sua abordagem ao estado dos direitos humanos em Israel, que vem se deteriorando. Um governo que expulsa um importante pesquisador na área de direitos humanos provavelmente não interromperá a opressão sistemática aos palestinos vivendo em territórios ocupados, se a pressão internacional não for muito mais intensa."

Israel revogou o visto de Shakir, que é cidadão dos Estados Unidos, em maio de 2018, alegando que seu trabalho violava uma lei de 2017 que proíbe a entrada no país de pessoas que defendem o boicote a Israel ou seus assentamentos na Cisjordânia ocupada.

Nem a Human Rights Watch, nem Shakir, como representante da organização, defenderam boicotes a Israel. A Human Rights Watch vem pedindo que empresas deixem de operar em assentamentos ilegais, como parte de seu dever global de não ser cúmplice de violações aos direitos humanos – é o mesmo tipo de exigência que a organização faz a empresas em muitos outros países. Um tribunal distrital, em abril, e o Supremo Tribunal de Israel, em seguida, consideraram que essa posição constitui motivo para deportação, aplicando uma interpretação abrangente da lei de 2017.

A Suprema Corte não levou em consideração o questionamento da Human Rights Watch quanto à constitucionalidade da lei, ou sobre o impacto que ela terá naqueles que discordam das políticas do governo.

Recentemente, as autoridades israelenses têm tentado enfraquecer o trabalho de ativistas de direitos humanos. Entre outras medidas, negaram a entrada de vários ativistas no país, criticaram israelenses trabalhando em defesa dos direitos humanos, impuseram pesadas exigências ​​de relatórios financeiros a eles, invadiram os escritórios e prenderam defensores dos direitos humanos da Palestina. Em outubro, as autoridades israelenses impediram que um membro da equipe da Anistia Internacional saísse dos territórios ocupados por Israel na Cisjordânia por "razões de segurança" não reveladas.

É a primeira vez que o governo usa a lei de 2017 para tentar deportar alguém que está legalmente no país. Também é a primeira vez que Israel ordena que um membro da equipe da Human Rights Watch deixe o país, desde que a organização começou a atuar em Israel há três décadas.

"Israel está deportando Shakir porque a Human Rights Watch tem pedido que empresas evitem os assentamentos ilegais", afirmou Roth. "Quem será o próximo? Alguém que peça que o Tribunal Penal Internacional examine possíveis crimes em Israel e na Palestina ou que se refira à Cisjordânia, corretamente, como um território 'ocupado' e não 'em disputa'?", disse.

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