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Incêndios perto de Novo Progresso, Brasil, em 23 de agosto de 2020, queimam terras desmatadas por criadores de gado. © 2020 Andre Penner/AP Images

Os líderes mundiais se reúnem em Glasgow para a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26) esta semana, e as expectativas não poderiam ser maiores. De florestas em chamas a cidades sufocadas, de fazendas áridas a costas castigadas por tempestades, a crise climática está causando um impacto crescente em vidas e meios de subsistência em todo o mundo. E, a menos que os governos atuem com ousadia – e rapidamente – para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em larga escala, a situação pode piorar de forma inimaginável.

Nos próximos anos, o aumento do nível do mar e a escassez massiva de alimentos ameaçam expulsar centenas de milhões de pessoas de suas casas. Os conflitos sobre recursos cada vez mais escassos podem se multiplicar exponencialmente, alimentando a violência, o nacionalismo violento, a xenofobia e o autoritarismo. A capacidade dos Estados de protegerem os direitos das populações em maior risco pode ser severamente prejudicada e, em muitos lugares, inviabilizada.

Nossa capacidade de evitar esse futuro distópico provavelmente dependerá, em grande medida, do que os governos fizerem hoje para proteger os direitos das pessoas. Para salvar as florestas tropicais do mundo – que desempenham papel crucial no armazenamento de carbono –, os Estados precisam defender os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais que estão entre seus defensores mais fervorosos e eficazes.

Para acabar com o uso de carvão – responsável por 30 por cento das emissões de gases de efeito estufa –, os Estados devem impedir que minas de carvão e usinas de energia envenenem o ar e a água de populações locais por meio de regulamentações que protejam o direito a um meio ambiente saudável, enquanto aumentam os custos do carvão em relação a energias mais limpas.

Para garantir que as autoridades eleitas e os líderes da indústria escutem as demandas públicas por uma ação climática mais ambiciosa, os Estados precisam garantir os direitos das pessoas em todos os lugares, especialmente aos crescentes grupos de jovens ativistas em todo o mundo, para falar sobre a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases do efeito estufa e proteger as populações em risco.

Espera-se que a COP26 gere novos importantes compromissos por parte dos países com maiores emissões do mundo, mas provavelmente deixará questões críticas sem resposta. Os governos se comprometerão a apoiar os esforços para combater o desmatamento – mas proibirão a importação de commodities agrícolas que causam a destruição das maiores florestas tropicais do mundo? Alguns se comprometerão a eliminar gradualmente o financiamento público internacional de combustíveis fósseis - mas quanto? E eles também acabarão com os subsídios internos para combustíveis fósseis que estão sabotando seus esforços de redução de emissões em casa? Alguns provavelmente prometerão bilhões em “financiamento climático” para apoiar as políticas climáticas de países em desenvolvimento – mas tomarão medidas para garantir que esse apoio chegue às pessoas em maior risco?

Enquanto os líderes mundiais enfrentam essas questões em Glasgow nesta semana, devem entender que a crise climática é uma crise de direitos humanos e que a proteção desses direitos é essencial para o avanço dos esforços globais em sua contenção.

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